sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Como fazer um roteiro de Quadrinhos ou Mangás: Uma visão geral

 (resumo do texto original de Sandro Massarini)

BUSCA
Toda história possui um ou mais personagens que tem como objetivo buscar algo. É a essência da narrativa, para montarmos um bom enredo precisamos desenvolver quatro elementos:

Lead - Personagem Principal.

Objective - Objetivo do personagem.

Conflict - Conflitos e obstáculos que o personagem enfrenta ou oposição.

Knockout Ending - Um final impactante para a história ou memorável o mais importante é a coerente.
"Alguém deseja alcançar um objetivo mas deve vencer uma oposição para consegui-lo."Podemos resumir praticamente todas as histórias com a frase acima.
A>B<C
"A" quer "C" mas "B" está no caminho.  A é o personagem principal. B é o conflito/oposição. C é o objetivo (amor de alguém, um anel, destruir algo, etc.).
Portanto, toda história tem um enredo (Plot). E esse enredo é sobre um personagem principal, que tem um objetivo, algo crucial para o seu bem-estar. A maior parte do enredo se dá nos conflitos com a oposição, uma série de batalhas para a conquista do objetivo. Se a história não respeita esse conceito básico, vai ser muito difícil que ela agrade o público, a não ser que seja vontade do autor buscar algo revolucionário, o que está cada vez mais difícil na época pós-moderna dos dias atuais.

1. Personagem Principal
Tanto o objetivo quanto o conflito da história devem girar em torno desse personagem. Não cabe nesse artigo discursar sobre a criação de personagens, mas é fundamental que o personagem principal provoque empatia na audiência, ou seja, que os leitores/espectadores torçam e se importem com ele. Vejam bem que empatia não é o mesmo que simpatia. Podemos ter um personagem simpático que não desperte emoções e cujo destino seja para a audiência indiferente.

Vejam bem que isso não significa que os personagens tenham que fazer ações previsíveis, e sim que sejam ações coerentes com suas personalidades. Um determinado espectador, por exemplo, poderia nunca se sacrificar por alguém desconhecido, mas reconhece o valor desta ação e se identifica com o personagem que a realiza.

Todos nós somos definidos pelas escolhas que fazemos. Seja de roupas, comida, programas de televisão, caráter. E os outros formam opiniões boas ou más sobre nós baseados nessas escolhas. Ocorre o mesmo com os personagens criados em uma história.

2. Objetivo
O que o personagem principal busca? Um objeto? Amor? Paz? Emprego? Respeito próprio? Definição da sua sexualidade?
Reparem que o objetivo não precisa ser algum objeto físico. Geralmente em obras mais complexas (chamadas por mim de "artísticas"), o objetivo é a busca de algo no interior desse personagem. Já em obras mais comerciais é típico um objetivo mais tangível e visível para a audiência.
É fundamental que o objetivo do personagem seja de extrema importância para sua vida, caso contrário a história não se sustentará. Se não for algo crucial para sua existência e felicidade, não valerá a pena lutar por ele. E se o personagem não luta pelo objetivo, não temos história.

3. Oposição

O herói é tão bom quanto seu vilão. Então uma boa obra precisa ter intensos conflitos e uma oposição de valor. O personagem principal não deve atingir seu objetivo facilmente, e algumas vezes ele pode nem isso conseguir.
A oposição não precisa vir de um único vilão humano. Pode ser a natureza ou pode simplesmente ser um pesado conflito interior (assumir ou não algo de errado que fez, aceitar ou não a perda de um filho, etc.). A oposição também pode ser um grupo, como o governo, ou o exército. Se escolher um grupo como oposição, faça com que esse grupo seja representado por um personagem, para dar maior foco a trama.
O mais importante é que o personagem tenha que se esforçar ao máximo para vencer os obstáculos, e que esses obstáculos fiquem cada vez mais intensos ao longo da história. Na verdade, é muito comum histórias onde o personagem principal esteja praticamente derrotado até a reviravolta final, quando vence buscando aquela última energia.
Assim como para o personagem o objetivo a ser alcançado é fundamental para sua vida, o mesmo ocorre com a oposição. Os conflitos devem ser lógicos e com motivações racionais.

4. Final Memorável

O final da história é praticamente a última sensação que a audiência carrega da obra. Portanto, um bom final pode às vezes compensar uma história fraca, e um final ruim pode destruir uma bem construída narrativa.
Um final memorável não significa um final absurdo nem irreal. Significa simplesmente um final que agrade e ao mesmo tempo  surpreenda de maneira satisfatória a audiência. Às vezes é melhor a obra ter um final comum do que uma invenção sem coerência, o que é falta de respeito com o espectador/leitor.
Um bom final também deve responder todas as questões levantadas ao longo da trama, a não ser que seja vontade do autor manter a dúvida, o que requer muita habilidade, já que é difícil saber qual dúvida a não ser respondida contribui para a melhor qualidade da obra.

5. Tema (Moral)
Ao chegarmos ao final da obra, o leitor/espectador espera obter alguma mensagem mais profunda, que represente todo o contexto do que ele acabou de presenciar. Toda história tem uma moral ou tema por trás de si, mas o escritor deve tomar muito cuidado ao estabelecer a forma de transmissão dessa mensagem para a audiência. Busque sempre qual será a Moral de sua narrativa. O que você quer passar para a audiência quando ela der aquele último suspiro após o fim de um filme ou livro.


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